20/11/2010
16/11/2010
Site com história do Brasil Republicano
O site Brasil Republicano reúne pesquisadores que desenvolvem o projeto “O Rio de Janeiro e a experiência democrática nas páginas dos jornais: ideologias, culturas políticas e conflitos sociais (1946-1964)”. Trata-se de um instrumento de trabalho, discussão e divulgação das pesquisas produzidas por doutores e doutorandos em História que integram o grupo e que atuam nas redes municipal, estadual e federal de ensino.
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09/11/2010
Racismo em imagens
Campanhas e flagrantes mostram que desigualdade racial não virou história |
Amanda Alvarenga |
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Apesar de já não ter justicativa legal e científica há décadas, o racismo sobrevive de forma mascarada em nossa sociedade, revestido por mecanismos de discriminação e reprodução das desigualdades sociais. Devido às herenças históricas, é inegável que a maior parte dos indivíduos "de cor" ainda não possui as mesmas oportunidades e recursos que os demais. Um vídeo interessante questiona de forma bem humorada esta identificação dos negros como pessoas de cor. As imagens foram feitas como parte de uma campanha para combater o racismo no futebol, muito forte em clubes europeus, por exemplo. Fora das quatro linhas, é corrente também que os negros sejam alvos de suspeições policiais, mal atendimentos e comentários discriminatórios. Um exemplo disto é o vídeo 'Porta na Cara', recentemente lançado na rede. Produzido pela equipe de audiovisual do Circo Voador, o filme mostra um flagrante das diferenças no tratamento entre negros e brancos em uma agência bancária no Rio de Janeiro. Apesar das diversas manifestações e projetos de políticas públicas que buscam extirpar o racismo de nossa sociedade, ainda há um longo caminho pela frente para construirmos uma vivência efetivamente pluricultural e pluriétnica. |
Os Integralistas
21/09/2010
Questões para responder
Agora que você chegou nesta mensagem, utilize as informações deste blog para responder às questões abaixo. Depois disso, emvie uma mensagem para blogdoprofessorcesar@gmail.com, ou escreva em uma folha e entregue ao professor.
1) Quando e por que foram criadas as capitanias hereditárias?
2) Em que época o açúcar passou a ter a aparência semelhante à que tem hoje?
3) É certo dizer que a escravidão existe até os dias de hoje? Quais são as características da escravidão atual?
4) Qual a origem da palavra favela para dar nome a um grupo de moradias em más condições?
5) Clique aqui e veja, entre as diversas perguntas que aparecem, qual a que você achou mais interessante. Depois, escreva.
Capitanias Hereditárias
Logo após o descobrimento do Brasil (1500), a coroa portuguesa começou a temer invasões estrangeiras no território brasileiro. Esse temor era real, pois corsários e piratas ingleses, franceses e holandeses viviam saqueando as riquezas da terra recém descoberta. Era necessário colonizar o Brasil e administrar de forma eficiente.
Formação das Capitanias Hereditárias
Entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III resolveu dividir a terra brasileira em faixas, que partiam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas enormes faixas de terras, conhecidas como Capitanias Hereditárias, foram doadas para nobres e pessoas de confiança do rei. Estes que recebiam as terras, chamados de donatários, tinham a função de administrar, colonizar, proteger e desenvolver a região. Cabia também aos donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir à ocupação do território. Em troca destes serviços, além das terras, os donatários recebiam algumas regalias, como a permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da região.
Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou seja, passariam de pai para filho. Fato que explica o nome deste sistema administrativo.
As dificuldades de administração das capitanias eram inúmeras. A distância de Portugal, os ataques indígenas, a falta de recursos e a extensão territorial dificultaram muito a implantação do sistema. Com exceção das capitanias de Pernambuco e São Vicente, todas acabaram fracassando. Desta forma, em 1549, o rei de Portugal criou um novo sistema administrativo para o Brasil: o Governo-Geral. Este seria mais centralizador, cabendo ao governador geral as funções antes atribuídas aos donatários.
Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes propriedades rurais.
Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: SãoVicente (Martim Afonso de Sousa), Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa); Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira),Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia), Bahia (Francisco Pereira Coutinho). Pernambuco (Duarte Coelho), Ceará (António Cardoso de Barros), Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da,Cunha e Fernando Álvares de Andrade).
Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou seja, passariam de pai para filho. Fato que explica o nome deste sistema administrativo.
As dificuldades de administração das capitanias eram inúmeras. A distância de Portugal, os ataques indígenas, a falta de recursos e a extensão territorial dificultaram muito a implantação do sistema. Com exceção das capitanias de Pernambuco e São Vicente, todas acabaram fracassando. Desta forma, em 1549, o rei de Portugal criou um novo sistema administrativo para o Brasil: o Governo-Geral. Este seria mais centralizador, cabendo ao governador geral as funções antes atribuídas aos donatários.
Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes propriedades rurais.
Principais Capitanias Hereditárias e seus donatários: SãoVicente (Martim Afonso de Sousa), Santana, Santo Amaro e Itamaracá (Pêro Lopes de Sousa); Paraíba do Sul (Pêro Gois da Silveira),Espírito Santo (Vasco Fernandes Coutinho), Porto Seguro (Pêro de Campos Tourinho), Ilhéus (Jorge Figueiredo Correia), Bahia (Francisco Pereira Coutinho). Pernambuco (Duarte Coelho), Ceará (António Cardoso de Barros), Baía da Traição até o Amazonas (João de Barros, Aires da,Cunha e Fernando Álvares de Andrade).
História do açúcar
Segundo os mais antigos relatos, o açúcar foi primitivamente relatado quando o general Niarchos, subordinado do imperador macedônico Alexandre, o Grande, foi encarregado de realizar a conquista da Índia Oriental. Ao chegar à região, percebeu que os nativos realizavam o consumo regular de um suco de cana fermentado capaz de produzir um tipo de “mel” que não exigia o uso de abelhas. Foi então que os ocidentais noticiaram a descoberta daquilo que eles chamavam de “sal indiano”.
No início da Idade Moderna, algumas solenidades políticas e religiosas eram realizadas em palácios tomados por esculturas feitas de açúcar. Tal hábito conferia status aos que poderiam se dispor de grandes quantidades para bancar esse tipo de luxo. A partir do século XVII, o aumento das lavouras de cana no continente americano permitiu que os valores do produto diminuíssem significativamente. Foi a partir de então que o açúcar trilhou o afamado caminho e importância que tem na culinária internacional.
Por Rainer Sousa/Mestre em História/Equipe Brasil Escola
18/08/2010
A origem da Biblioteca Nacional
Homens passam, livros ficam |
Talvez a maior herança trazida por D. João tenha sido a Real Biblioteca. Mais do que um acervo valioso, ela foi personagem de longos séculos de história portuguesa |
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Por ironia do destino, a Biblioteca Nacional está dois anos atrasada em relação aos festejos pelos 200 anos da chegada da Família Real. Seu bicentenário ocorrerá apenas em 2010, precisamente no dia 29 de outubro. Típico caso em que o calendário oficial não faz jus aos fatos. Afinal, a Real Biblioteca — como se chamava então — nasceu muito, muito antes da travessia oceânica que transferiu para cá o poder luso. A tradição de “ajuntar livros” teve início em Portugal ainda no século XIV, por iniciativa do rei D. João I, O Boa Memória (1385-1433). Orgulho dos monarcas que se seguiram, o conjunto de livros, mapas, gravuras, estampas e manuscritos chegou aos 70 mil volumes no século XVIII. Até mesmo a fúria opressora da Inquisição sobre publicações “hereges” ajudou a preservar o saber produzido na época. “Os livros que o Estado português e a Igreja aprisionavam permaneciam guardados em acervos que não paravam de crescer. (...) Por linhas tortas o acervo da Real Biblioteca enriquecia-se com alguns exemplares proibidos e tornava-se representativo até mesmo do pensamento humanista que o Estado buscava combater”, comenta Lilia Moritz Schwarcz no livro A longa viagem da biblioteca dos reis (Companhia das Letras, 2002). Mas tudo estava prestes a desmoronar. No dia 1° de novembro de 1755, um terremoto devastou Lisboa, seguido de incêndios e de uma tsunami que elevou o Tejo de 6 a 9 metros. Ao menos 15 mil pessoas morreram e a Real Biblioteca de mais de quatro séculos sucumbiu quase inteiramente. O esforço de reconstrução da cidade contou com um líder de pulso forte: o primeiro-ministro Sebastião de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal. A formação de uma nova Real Biblioteca foi um de seus investimentos. Grandes coleções particulares foram doadas ou compradas. Outras vieram em conseqüência das perseguições promovidas por Pombal. O conde de Atouguia e o duque de Aveiro, dois dos mais destacados nobres portugueses, foram trucidados em praça pública por suposto envolvimento em um atentado contra o rei. Seus espólios contavam com generosas bibliotecas. Expulsos de Portugal e do Brasil, os outrora poderosos jesuítas também deixaram para trás colégios e conventos com preciosos acervos. Importante método para garantir o crescimento do acervo real eram as “propinas”. Nada ilícito, diga-se logo. Assim se chamava a obrigação de doar à Real Biblioteca um ou mais exemplares de qualquer edição rodada na Real Tipografia. Tudo ia bem, até que veio outro terremoto, em 1807. Este atendeu pelo nome de Napoleão. Exatos 37 caixotes abarrotados de livros foram embarcados às vésperas da rápida saída da Corte rumo ao Brasil. Em 1810 e 1811, outras duas grandes remessas completariam o acervo inicial. A instauração da Imprensa Régia por D. João, em 1808, deu início à coleção de livros, mapas, iconografias e periódicos genuinamente brasileiros. E, em 1825, no Tratado que selou de vez a Independência do Brasil, o novo Império comprometeu-se a pagar 2 milhões de libras esterlinas pelo tesouro bibliográfico que herdou do ex-colonizador. Em valores atuais? Não importa. Foi uma pechincha. Hoje temos uma das maiores bibliotecas do mundo, com mais de 10 milhões de itens. E, de quebra, o testemunho de boa parte da história européia, acumulado pela nobre tradição portuguesa de ajuntar (e reajuntar) livros... |
A família real portuguesa no Brasil
Saída pelo mar
Entre ser derrotado por Napoleão ou ver o Brasil invadido pela Inglaterra, o governo português escapou dos dois. Transferir a Corte foi a melhor opção
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O poderoso exército napoleônico às portas da fronteira. Espreitando o porto de Lisboa, navios ingleses prontos para atacar. Do outro lado do oceano, a enorme e rica colônia brasileira exposta a uma possível invasão. Pressionado por duas potências rivais, a escolha de Portugal era das mais difíceis. Fosse qual fosse a decisão, o castigo do inimigo era certo.
Pois naquele fim de 1807, o que se viu foi uma fuga. Uma fuga em massa de nobres que se apinharam no porto em busca de lugares nas naus que rumariam para o Brasil. Vários atropelos aconteceram: bagagens ficaram em terra, pertences de pessoas que não viajariam foram parar nos navios, parentes foram separados durante a viagem.
Mas a impressão de retirada covarde e atabalhoada não se justifica. Historiadores do século XX demonstram que a transferência da Corte não foi nada improvisada. Cogitada em diversas outras ocasiões (veja o conteúdo complementar no fim deste texto), a mudança deve ser entendida de acordo com a política externa lusitana do período. O reino optava pela neutralidade nos conflitos diplomáticos para evitar choques maiores com as duas principais potências políticas e militares da época: França e Inglaterra. A primeira desfrutava de poderio terrestre, enquanto a segunda gozava de supremacia marítima. Muitas vezes, entretanto, era impossível manter a neutralidade - daí a necessidade de eleger uma aliança mais sólida.
Havia aqueles que defendiam a opção pela França. Um dos principais expoentes desta idéia era Antônio de Araújo de Azevedo (1754-1817), futuro conde da Barca, ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra entre 1804 e 1807. Ele defendia a aproximação com o regime napoleônico, o que se tornou insustentável em 1807, quando se intensificaram as ameaças inglesas e francesas.
A coligação com a Inglaterra é explicada basicamente pelo temor de um ataque às colônias (principalmente o Brasil), diante do forte poderio naval britânico. O receio não era infundado, afinal o primeiro-ministro da Inglaterra, William Pitt (1759-1806), em discurso no Parlamento, defendera que convinha à “Grã-Bretanha fazer assentar o trono do império português” na América, onde d. João reconquistaria seu reino e ditaria “as leis à Europa, e com o cetro de ferro poderia castigar a França dos seus crimes, e a Espanha [aliada da França] da sua perfídia”. O primeiro-ministro inglês defendia abertamente, em hipótese de uma aliança luso-francesa, a invasão do Brasil.
Os portugueses foram obrigados a agir rapidamente. D. Rodrigo de Souza Coutinho (1755-1812), político experiente que estava há quatro anos afastado do governo, foi chamado em 1807 a reintegrar o gabinete de d. João como conselheiro de Estado. Ele defendia a tese de que Portugal dependia inteiramente do Brasil. Desde 1803, aliás, alertava para a necessidade de defesa contra os franceses. Os domínios portugueses corriam o risco de serem dilacerados entre França e Inglaterra, caso uma postura pró-britânica não fosse assumida. D. Rodrigo destacava a relevância da América portuguesa como a “mais essencial parte da monarquia”. Em hipótese de invasão francesa, existiria “a certeza de ir em qualquer caso V.A.R. [Vossa Alteza Real] criar no Brasil um grande império, e segurar para o futuro a reintegração completa da monarquia em todas as suas partes”. A transferência da Corte, para o futuro conde de Linhares, aparece como último recurso e associada à necessidade de defesa da soberania real. A opinião era compartilhada por outros estadistas que em períodos de maior iminência de invasão francesa enunciavam tal idéia. Foi o caso do marquês de Alorna (1754-1813), que em 1801 propôs ao príncipe: “V.A.R. tem um grande Império no Brasil, e o mesmo inimigo que ataca agora com tanta vantagem, talvez que trema e mude de projeto, se V.A.R. o ameaçar de que se dispõe a ir ser Imperador naquele vasto território”.
De qualquer forma, estava claro que, na iminência de um ataque, a mudança seria a melhor opção para preservar o trono português, independentemente de que lado se fizesse a aliança. Mas era hora de decidir. O conflito na Europa se agravava, e o debate político em Portugal buscava uma definição: afinal, a quem se aliar? Em julho de 1807, Napoleão Bonaparte (1769-1821), imperador da França, insistiu que o governo português prendesse e seqüestrasse os bens dos súditos britânicos, fornecesse dinheiro para sustentação da guerra e reunisse suas forças navais às franco-espanholas. E deu como prazo-limite 1o de setembro. A Inglaterra, por sua vez, estacionou navios na frente de Lisboa, sufocando o comércio e ameaçando uma intervenção militar.
As reuniões no Conselho de Estado português se intensificaram. D. João de Almeida de Melo e Castro (1756-1814) perguntava: valeria a pena “os terríveis golpes” ao comércio, “o retardo da correspondência com nossas colônias, [...] para saciar a ambição e animosidade da França”. Melo e Castro, que havia sido embaixador de Portugal em Londres, observava a necessidade de o príncipe regente retirar-se para o Brasil, de forma a preservar a monarquia.
Chegou-se a preparar uma frota para a transferência do filho de D. João, o príncipe da Beira, d. Pedro de Alcântara (1798-1834), futuro imperador d. Pedro I do Brasil. O príncipe, que tinha apenas 9 anos, deveria ser acompanhado ao Rio de Janeiro por d. Fernando José de Portugal, que governou a Bahia e foi vice-rei do Brasil. Tal medida chegou a ser informada à França, mas segundo o historiador Enéas Martins Filho era apenas uma cortina de fumaça para ocultar a trama secretamente organizada: a mudança de toda a família real.
Longe de ter sido uma fuga impensada, a transferência da sede do governo português para seus domínios americanos possibilitou a permanência do trono de Portugal nas mãos da Casa de Bragança. Do outro lado do Atlântico, inaugurou um novo momento na história do Brasil.
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Nazismo hoje: Passeata em homenagem a líder nazista é proibida em São Paulo
Passeata em homenagem a líder nazista é proibida em São Paulo, após denúncia no Ministério Público. Brasil já foi maior sede do Partido Nazista fora da Alemanha. |
Adriano Belisário |
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Apontado por vezes como um paraíso da convivência multiétnica, o Brasil nem sempre corresponde às imagens forjadas por seus filhos mais ufanistas. Exemplo disto foi o Partido Nazista, fundado em terras tupiniquins, no ano de 1928. Com quase 3 mil integrantes, o Partido fez tanto sucesso que se tornou a maior agremiação de nazistas fora da Alemanha. E engana-se quem crê que a afinidade entre a ideologia do III Reich e o Brasil terminou com o fim da II Guerra Mundial. Através de uma denúncia do coletivo "Movimento Anarcopunk", o Ministério Público de São Paulo proibiu a realização de uma marcha em homenagem Rudolf Hess, líder nazista que faleceu há 23 anos. O evento estava marcado para 14 de agosto, indo da Avenida Paulista até o bairro da Consolação. Apesar de ter registrado a denúncia do coletio, o Ministério Público só proibiu efetivamente a passeata após um jornal da região ter publicado uma matéria sobre o assunto. Em 2009, os neonazistas já tinham causado preocupação em São Paulo, quando jogaram uma bomba de fabricação caseira e feriram mais de 40 pessoas na Rua Vieira de Carvalho, conhecida pelos locais frequentados pelo público GLS. No artigo "Porta-vozes de Hitler", publicado na Revista de História no ano de 2007, Ana Maria Dietrich analisa as publicações do Partido Nazista e de outras organizações pró-Hitler no país, como a Juventude Hitlerista, a Associação Nazista das Mulheres e a Frente Alemã de Trabalho. Hoje, são publicações virtuais que se destacam como veícuo da imprensa nazista, a exemplo do site Stormfront, uma comunidade virtual a favor do nacionalismo branco utilizada na organização da passeata em São Paulo. Fora dos computadores, existem ainda grandes encontros presenciais e tentatias de ataques, como os planos de uma série de atentados a sinagogas em todo país, flagrado pela Polícia Federal no Rio Grande do Sul. Mesmo com a passeata cancelada, é preciso atenção para que novas manifestações de ódio racial, étnico ou de gênero sejam evitadas. |
01/06/2010
A escravidão ainda existe
Infelizmente, tratar o trabalho escravo como uma página virada da história do Brasil é um erro. A Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, foi, sem dúvida, um passo fundamental para que o Estado brasileiro reconhecesse como ilegal o direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra. O problema, no entanto, ainda persiste, embora se apresente de forma diferente da ocorrida até o século 19. Mostra disso são os mais de 36 mil trabalhadores resgatados em situação análoga à de escravo desde 1995, segundo dados do Ministério do Trabalho.
Leia mais na revista Nova Escola.
29/05/2010
Comparação entre a nova escravidão e o antigo sistema
Do site Repórter Brasil
A assinatura da lei Áurea, em 13 de maio de 1888, decretou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sob outra, porém o trabalho semelhante ao escravo se manteve de outra maneira. A forma mais encontrada no país é a da servidão, ou ‘peonagem', por dívida. Nela, a pessoa empenha sua própria capacidade de trabalho ou a de pessoas sob sua responsabilidade (esposa, filhos, pais) para saldar uma conta. E isso acontece sem que o valor do serviço executado seja aplicado no abatimento da conta de forma razoável ou que a duração e a natureza do serviço estejam claramente definidas.
A nova escravidão é mais vantajosa para os empresários que a da época do Brasil Colônia e do Império, pelo menos do ponto de vista financeiro e operacional. O sociólogo norte-americano Kevin Bales, considerado um dos maiores especialistas no tema, traça em seu livro "Disposable People: New Slavery in the Global Economy" (Gente Descartável: A Nova Escravidão na Economia Mundial) paralelos entre esses dois sistemas que foram aqui adaptados pela Repórter Brasil para a realidade brasileira.
Brasil | antiga escravidão | nova escravidão |
propriedade legal | permitida | proibida |
custo de aquisição de mão-de-obra | alto. a riqueza de uma pessoa podia ser medida pela quantidade de escravos | muito baixo. não há compra e, muitas vezes, gasta-se apenas o transporte |
lucros | baixos. havia custos com a manutenção dos escravos | altos. se alguém fica doente pode ser mandado embora, sem nenhum direito |
mão-de-obra | escassa. dependia de tráfico negreiro, prisão de índios ou reprodução. bales afirma que, em 1850, um escravo era vendido por uma quantia equivalente a r$ 120 mil | descartável. um grande contingente de trabalhadores desempregados. um homem foi levado por um gato por r$ 150,00 em eldorado dos carajás, sul do Pará |
relacionamento | longo período. a vida inteira do escravo e até de seus descendentes | curto período. terminado o serviço, não é mais necessário prover o sustento |
diferenças étnicas | relevantes para a escravização | pouco relevantes. qualquer pessoa pobre e miserável são os que se tornam escravos, independente da cor da pele |
manutenção da ordem | ameaças, violência psicológica, coerção física, punições exemplares e até assassinatos | ameaças, violência psicológica, coerção física, punições exemplares e até assassinatos |
Observação: As diferenças étnicas não são mais fundamentais para escolher a mão-de-obra. A seleção se dá pela capacidade da força física de trabalho e não pela cor. Qualquer pessoa miserável moradora nas regiões de grande incidência de aliciamento para a escravidão pode cair na rede da escravidão. Contudo, apesar de não haver um levantamento estatístico sobre isso, há uma grande incidência de afrodescendentes entre os libertados da escravidão de acordo com integrantes dos grupos móveis de fiscalização, em uma proporção maior do que a que ocorre no restante da população brasileira. O histórico de desigualdade da população negra não se alterou substancialmente após a assinatura da Lei Áurea, em maio de 1888. Apesar da escravidão ter se tornado oficialmente ilegal, o Estado e a sociedade não garantiram condições para os libertos poderem efetivar sua cidadania. Por fim, as estatísticas oficiais mostram que há mais negros pobres do que brancos pobres no Brasil. Outro fator a ser considerado é que o Maranhão, estado com maior quantidade de trabalhadores libertos da escravidão, é também a unidade da federação com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a que possui a maior quantidade de comunidades quilombolas.
18/05/2010
O significado do treze de maio
O dia 13 de maio de 1888 marcou oficialmente o fim da escravidão no Brasil, através de uma lei assinada pela Princesa Isabel, durante uma viagem de Dom Pedro II ao exterior. Naquela oportunidade houve uma série de comemorações, principalmente no Rio de Janeiro, capital do Império. Vários ex-escravos saíram às ruas comemorando o feito. É verdade que em várias regiões do país o trabalho escravo persistiu e só foi abolido no início do século XX. Ainda nos dias de hoje, volta e meia a imprensa nos dá informações sobre a existência do trabalho escravo em várias regiões do país.
O movimento negro, então, resolveu abolir essa data e comemorar a negritude no dia 20 de novembro, denominado Dia da Consciência Negra. Razão mais que justa, pois, de fato, o 13 de maio foi uma data que ocorreu de “cima para baixo”, sem a participação dos principais interessados no tema, apesar de haver no Brasil um movimento abolicionista bem forte naquele período, principalmente nas cidades mais importantes do sudeste do país.
O Dia da Consciência Negra não existe por acaso. Em 20 de novembro de 1695, Zumbi, principal liderança do Quilombo dos Palmares – a maior comunidade formada por escravos fugitivos das fazendas no interior de Alagoas – foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que resultou no início da destruição daquela comunidade. Portanto, comemorar o Dia da Consciência Negra nessa data é uma forma de homenagear e manter viva na memória coletiva essa figura tão importante para a história do Brasil e para o povo negro em especial. Não somente a imagem do líder, mas também a sua importância na luta pela libertação da escravidão e na melhoria das condições de vida para esse povo.
Entretanto o 13 de maio de 1888 também tem seu significado. Liberal, a Princesa Isabel apoiava abertamente o movimento abolicionista. Ela chegou a amparar artistas e intelectuais que atuavam em favor do movimento da abolição da escravidão no Brasil. Muitos desses artistas e intelectuais apoiavam também a criação do sistema republicano no Brasil. Ela chegou a financiar a alforria de alguns escravos e dava guarida a muitos deles na sua casa em Petrópolis.
Joaquim Nabuco, um dos grandes políticos do Império, afirmava que a escravidão no Brasil era "a causa de todos os vícios políticos e fraquezas sociais; um obstáculo invencível ao seu progresso; a ruína das suas finanças, a esterilização do seu território; a inutilização para o trabalho de milhões de braços livres; a manutenção do povo em estado de absoluta e servil dependência para com os poucos proprietários de homens que repartem entre si o solo produtivo".
No dia 13 de maio de 1888 aconteceram as últimas votações de um projeto de abolição da escravidão no nosso país. A regente então, desceu de Petrópolis, cidade serrana, para aguardar no Paço Imperial o momento de assinar a Lei Áurea. Usou uma pena de ouro especialmente confeccionada para a ocasião, recebendo a aclamação do povo do Rio de Janeiro. O Jornal da Tarde, do dia 15 de maio de 1888, noticiou que "o povo que se aglomerava em frente do Paço, ao saber que já estava sancionada a grande Lei, chamou Sua Alteza, que aparecendo à janela, foi saudada por estrepitosos vivas."
É bem verdade que a Abolição da escravidão representou também a queda da monarquia no Brasil. Em 15 de novembro de 1889, o Império sucumbia, principalmente pela falta de apoio político daqueles que até então eram os únicos a sustentarem politicamente o Império: os grandes produtores rurais donos de escravos.
O 13 de maio, entretanto, não deve ser esquecido. Ele tem um lugar de enorme importância na história desse país e do povo brasileiro.
*Ricardo Barros Sayeg é Mestre em Educação, Bacharel em História e Pedagogia pela Universidade de São Paulo e Professor de História do Colégio Paulista.
08/04/2010
NÓS MATAMOS OS NEANDERTAIS?

Peter Moon
É o assassinato sem solução mais antigo da história. Ou melhor, da pré-história. O crime ocorreu há 50 mil anos. Imagine um grupo de cinco caçadores, vestidos com peles de animais e armados com facas, lanças e lançadores de dardos com afiadas pontas de pedra polida. Eles estavam no encalço de um rebanho de antílopes. Não eram os únicos. Quem também espreitava o rebanho era um bando de neandertais, armados com pesadas lanças com pontas de pedra lascada. Quando os dois bandos se encontraram, o confronto foi inevitável – assim como seu resultado.Lei mais aqui.
09/03/2010
Aprendendo tupi
Através da internet é possível aprender línguas indígenas e consultar fontes de época. O professor Renato Venâncio mostra os caminhos para quem quer aprender tupi.
No senso comum, “civilização” e “sociedade indígena” são inimigas. A segunda sempre sucumbe frente à primeira. Essa idéia é sabidamente falsa e na internet há inúmeros exemplos demonstrando isso. Um deles diz respeito à revitalização ou mesmo a expansão da cultura indígena via on line. Sites de língua tupi revelam esse esforço.
A “língua geral” (tupi simplificado, descrito com base em parâmetros gramaticais latinos) há mais de quatrocentos conheceu seus primeiros registros escritos. Graças a isso, é hoje ensinada às novas gerações. Alguns vídeos do Youtube dão os primeiros passos nesse sentido.
Uma imensidão de dicionários de tupi, espalhados em centenas de sites, complementa esse aprendizado. Muitos desses livros reproduzem textos de época, como Arte de grammatica da lingoa mais usada na costa do Brasil, 1595, de José de Anchieta ou o Diccionario da lingua geral do Brasil, que se falla em todas as villas, lugares, e aldeas deste vastissimo Estado, escrito na cidade do Pará, anno de 1771.
Para aprofundar ainda mais esses estudos, basta navegar em direção à excelente Biblioteca Digital Curt Nimuendaju, que disponibiliza gratuitamente obras dos principais tupinólogos brasileiros e internacionais. Navegando um pouco mais, é possível acompanhar curso de tupi antigo ministrado por professor da USP, Eduardo Navarro.
Para a grande maioria dos pesquisadores e professores de história, tal aprofundamento pode não ser necessário. Explorar uma língua como um “documento” não implica em dominá-la, mas sim em estudar suas formas de apreensão. No século XVI, por exemplo, o tupi serviu para que os jesuítas catequizassem os índios, fazendo deles aliados da colonização. No século XIX, outro exemplo: historiadores ansiosos por descobrir um passado pré-colonial brasileiro e monumental, tal como estava ocorrendo no México e Peru, buscaram raízes nobres (ou seja, indo-européias) para nossos índios. O mais famoso desses historiadores, Francisco Adolfo de Varnhagen, chegou a escrever um pequeno livro em que considera os índios do litoral parentes dos antigos egípcios, L'origine touranienne des américains tupis-caribes et des anciens egyptiens: indiquée principalement par la philologie comparée; traces d'une ancienne migration en Amérique, invasion du Brésil par les tupis, 1876.
A partir de rudimentos filológicos, o autor estabeleceu comparações entre a língua dos índios e a do tempo dos faraós. Varnhagen atribui a origem de muitas palavras a uma mesma raiz, como é o caso das que designam respectivamente, em tupi e copta, as expressões “canoa” ( ubá e uáa) e “aldeia” (taba e thebes)
Tais aproximações são superficiais e não encontram suporte científico nos dias atuais, mas revelam o quanto tradições culturais indígenas foram reapropriadas na construção do nacionalismo aristocrático do Brasil Império. Também nesse sentido essas tradições são um “documento” a respeito de nosso passado.
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